Queridos leitores,
Hoje tem novidade no Blog. Eu e meu amigo e colega de blog Aruanã Bento, resolvemos fazer uma brincadeira e entramos um no universo do outro.
Eu escrevi Sejis Homi- Falando sobre meu lado masculino que eu acho que é gay e ele escreveu Mentiras sob o salto- Usando sua alma feminina.
Leiam os dois, divirtam-se e visitem o blog do Aru que é o máximo www.sentimentocoletivo.blogspot.com
MENTIRAS DE SALTO ALTO
Por dentro de um grande homem existe uma grande mulher.É ela quem cochicha no meu ouvido os compromissos marcados duas semanas antes, o presente certo e as palavras secretas que só podem ser ditas quando as mãos se tocam pela primeira vez. Moramos no mesmo corpo mas não é sempre que a vejo. A última vez foi na despedida de um amigo que acabei chorando no saguão do aeroporto. É minha porção mulher quem brinca com o cachorro, me livra invariavelmente do mau-humor, e consegue, nas formas das nuvens ou na espuma do shampoo, descobrir desenhos, imaginar coisas. No dia-a-dia de redator publicitário que preciso tirar a gancho minha criatividade, a porção feminina me salva e busca em sua habilidade de pensar mil coisas e assimilar mil palavras, associações fantásticas, que se transformam em títulos impossíveis de não ler. Foi com ela que também descobri como o azeite valoriza a comida, como o vinho seco pode ter tanta complexidade em aromas e texturas, como identificar as pessoas através de seu signo e, principalmente, como o sexo oral se torna um grande coringa se estiver situado entre a paciência de um monge e a obediência de um cão-sem-dono. Olhando assim fica difícil de imaginar, mas até a porção mulher é capaz de mentir. “Você gostou da minha unha?Ah, que fofo!Tenho tatuagem sim, adoro. Nossa temos muito em comum. Podemos marcar, adoro jantar no japonês. Cara, você é muito especial, me amarrei na sua...como amigo”. Desde que me entendo por gente procurei fazer coisas que realmentetocassem as mulheres, que estivesse dentro dos seus sonhos mais distantes. Acreditei que elas gostassem de homens com senso de humor, com conteúdo e sensibilidade para percebê-las como nenhum outro. Tolice. Assim como todas as outras, minha porção mulher passou a vida me mostrando o cara que ela pretendia gostar e não quem ela realmente gostava. Por isso, decidi faz tempo não dar ouvido a minha voz feminina interior e, aos poucos, silenciou-se. Hoje não me procura mais. Sozinho, invado noites atrás de diversão e as vejo batendo cabeça, ou como diria Liu Brito, na vitrine. Todas seguem a mesma tática pelas mesmas finalidades e seguem trocando blefes por beijos. O primeiro e mais duro golpe que aprendi foi que, para conquistar uma mulher é preciso, antes de tudo, ignorá-la. Depois de milênios presa dentro das cavernas, as moças conquistaram seu direito de caçar mas ainda não sabem usá-lo: são fantoches nas mãos masculinas calejadas na arte da conquista. Andam, passam, esbarram, olham, insinuam, como cardumes que disputam quem será comido primeiro pelos tubarões. Sem minha porção mulher me olho no espelho e me sinto um nômade que usa, gasta uma terra e depois a abandona, mas tenho a convicção que não poderei mais reencontrá-la sozinho. Preciso da cumplicidade de alguém, que saiba dar colo e ganhar colo, que aceite convite e também os faça, que me traga elogios e críticas novas, que me surpreenda com girassóis em um dia de chuva. Alguém que saiba rir de si mesmo e não se importe em anoitecer na Lapa e amanhecer no Arpoador. Alguém que não dance apenas para os outros, que tenha ambições profissionais, pessoais, sexuais e, principalmente, que goste de si próprio. Quem sabe assim uma dia eu acorde e volte a ouvir no meu ouvido novamente uma voz sussurrando: “Acorde mocinho. Você precisa estar bem bonito para reencontrar o amor da sua vida”.
Aruanã Bento
Sejis Homi!
Invadindo um blog de menino para tentar escrever alguma coisa que não choque o público do meu querido e talentoso amigo Aru.
Foi assim que resolvi escrever sobre as vezes que paro diante do espelho e digo:
-Nossa, tô parecendo um homem...
Não me entendam mal, na aparência e no gestual sou tão feminina que até pareço uma bicha. Estou falando mesmo de comportamento.
Meu cabeleireiro diz que sou mais homem que ele, o que não é muito difícil, mas ele justifica dizendo que sou bem humorada demais pra ser mulher. Ora bolas, as mulheres não são mal humoradas, levam esta fama por causa da maldita TPM. Experimente ter uma maré de hormônios, que muda de acordo com a lua e depois falamos sobre humor regular.
Bem, mas verdade seja dita, às vezes sou muito homem mesmo e por isso não tolero homem mulherzinha, esses que fazem charminho pra ligar, só ligam na terça, porque se ligar no Domingo vai parecer que está apaixonado, me poupem.
Outro exemplo de Homem mulherzinha é aquele tipo que liga no meio da noite pra ex-namorada porque bateu saudade e inventa uma desculpa esfarrapada qualquer, ah, seja homem meu filho.
Sou muito homem pra ligar pra quem eu quiser e fazer um convite. Azar dos que dizem não. Afinal, homem que é homem não tem medo de porta na cara.
As mulheres conquistaram o sagrado direito de dizer o que querem e como querem, coisa que os homens já fazem há milênios, então antes que eu me esqueça, as mulheres gostam sim de sexo oral, desde que bem feito, ok? Pra fazer de qualquer jeito, melhor não.
E por falar em ser homem, de uma vez por todas, acabou aquela história de mulher achar que todos os homens podem ser o potencial homem da sua vida. Hoje em dia, as mulheres já conseguem colocar os homens em suas devidas gavetinhas. Cada um na sua. Tem gaveta para amigo, gaveta para potenciais, gaveta de ex e principalmente, gaveta para equilibrador hormonal, isso mesmo, porque toda mulher precisa de um.
Antes que eu me esqueça, mulher quer ser respeitada, em todos os aspectos, então por favor, cuidem bem das suas cuecas e pensem muito antes de puxar uma mulher pelo braço sem tê-la levado pra jantar, depois até pode e pelo amor de Deus, mudem a ordem da entrevista, qual seu nome, o que você faz e onde você mora, já basta no senso.
Então fica certo assim, me dá seu telefone e se eu quiser ligo logo no Domingo, se eu não ligar, esquece. Minha cor predileta? Verde. Livro? Vários, inclusive o pequeno príncipe (o Aru também leu). Bicho nojento? Cobra, tolero as baratas. Time? Vitória. Não tenho diário e adoro ser solteira, ser casada e namorada também, tudo depende de com quem.
E aí? Vai encarar?
Líu Brito
Escrevo pra me entender e pra entender o mundo. Escrevo o que me dá na telha, o que me dói e o que me faz feliz.
Thursday, July 12, 2007
Wednesday, July 04, 2007
Maria vai se casar
Maria é uma grande amiga. Moça charmosa, de sorriso largo e olhos encantados. Maria é do interior, como eu. E como eu, trouxe na mala o jeito simples que as moças do interior encaram as coisas, em especial as coisas do coração. No nosso jeito interiorano de ser, você faz o que for preciso para se tornar uma boa pessoa, especialmente porque boas pessoas atraem boas pessoas e com estas boas pessoas resolvem criar laços, ficam noivas e depois se casam. Simples assim.
Mas a história de Maria, acabou tomando outro rumo, assim como a história de tantas outras moças. Porque já não é tão fácil encontrar um bom moço ou porque os bons moços conhecem muitas moças legais nos lugares aonde vão e por isso não querem se prender a nenhuma delas.
Bem, mas o fato é que depois de alguns desgastes e entrevistas ou como eu digo, depois de preencher algumas fichas do senso respondendo seu nome, idade, profissão e onde mora, eis que Maria, enquanto comemorava seu aniversário, conheceu um amigo de uns amigos. Um moço diferente, de fala enrolada, jeito moderno, óculos coloridos. De cara até Maria ficou meio assim, mas mesmo assim resolveu que valia conhecer melhor, afinal o que ela tinha a perder.
E foi deste jeito que começou a história de Maria. Se viram uma vez, outra, e a coisa foi ficando séria. Ligou-me uma vez em frangalhos, porque tinha chegado o dia de levá-lo ao interior para conhecer os pais e os irmãos. Lá fui eu para dar uma força.
Correu tudo bem, como era de se esperar. O churrasco, a família, a cordialidade, tudo no ponto. O tempo passou e Maria e seu moço de fala enrolada, foram ficando mais e mais juntos. Mas, hoje em dia as coisas não se resolvem de forma tão simples. É preciso mais do que amor, mais que querer. É preciso casar os impostos, o aluguel, o salário e todas as contas e planos. No meu apartamento ou no seu? O meu carro ou o seu? Ufa.
Uma Maria ressabiada pelas interrogações da vida me ligou para falar sobre o seu aniversário desse ano. Combinados hora e local lá estávamos nós, numa mesa grande de um bom restaurante. Maria estava linda, maquiagem caprichada, nem parecia que tinha saído só pra jantar. Mas Maria é assim, sempre produzida, com aquele ar meio francês, que é dela, não importa aonde vá.
Foi no meio do burburinho do restaurante e do movimento dos garçons que começamos a ouvir um som diferente. Parecia um piano, ou algo assim. Então, o moço se aproximou da Maria e foi tudo tão rápido e foi tudo tão lindo, ele com a mão sobre a dela, ela com os olhos arregalados, querendo saber o que estava acontecendo, ele falando algo sobre um momento importante na vida e mais algumas coisas e de repente, ele se ajoelha, como naqueles filmes da sessão da tarde, e pede a mão de “My baby” em casamento. Foi um momento tenso, todas as mulheres, incluindo Maria, lutavam contra as lágrimas para não borrarem a maquiagem, mas era difícil, porque não sabíamos como agir, porque não nos preparamos, porque não acreditávamos mais nessa cena.
Mas enfim, Maria, olhos agora mais brilhantes e promovida a “My Baby”, tenta entender como tudo aconteceu, tenta não olhar tanto pro anel, tenta lembrar que tudo isso é normal.
Apesar de tudo o que mudou no mundo, de toda liberdade, de todas as conquistas e dos sutiãs queimados, eu, Maria e todas as mulheres do mundo, da cidade e do interior, com ou sem Internet, ipod e iphone, ainda desejamos ter uma mão sobre a nossa , um piano ao fundo e um pedido de casamento.
Mas a história de Maria, acabou tomando outro rumo, assim como a história de tantas outras moças. Porque já não é tão fácil encontrar um bom moço ou porque os bons moços conhecem muitas moças legais nos lugares aonde vão e por isso não querem se prender a nenhuma delas.
Bem, mas o fato é que depois de alguns desgastes e entrevistas ou como eu digo, depois de preencher algumas fichas do senso respondendo seu nome, idade, profissão e onde mora, eis que Maria, enquanto comemorava seu aniversário, conheceu um amigo de uns amigos. Um moço diferente, de fala enrolada, jeito moderno, óculos coloridos. De cara até Maria ficou meio assim, mas mesmo assim resolveu que valia conhecer melhor, afinal o que ela tinha a perder.
E foi deste jeito que começou a história de Maria. Se viram uma vez, outra, e a coisa foi ficando séria. Ligou-me uma vez em frangalhos, porque tinha chegado o dia de levá-lo ao interior para conhecer os pais e os irmãos. Lá fui eu para dar uma força.
Correu tudo bem, como era de se esperar. O churrasco, a família, a cordialidade, tudo no ponto. O tempo passou e Maria e seu moço de fala enrolada, foram ficando mais e mais juntos. Mas, hoje em dia as coisas não se resolvem de forma tão simples. É preciso mais do que amor, mais que querer. É preciso casar os impostos, o aluguel, o salário e todas as contas e planos. No meu apartamento ou no seu? O meu carro ou o seu? Ufa.
Uma Maria ressabiada pelas interrogações da vida me ligou para falar sobre o seu aniversário desse ano. Combinados hora e local lá estávamos nós, numa mesa grande de um bom restaurante. Maria estava linda, maquiagem caprichada, nem parecia que tinha saído só pra jantar. Mas Maria é assim, sempre produzida, com aquele ar meio francês, que é dela, não importa aonde vá.
Foi no meio do burburinho do restaurante e do movimento dos garçons que começamos a ouvir um som diferente. Parecia um piano, ou algo assim. Então, o moço se aproximou da Maria e foi tudo tão rápido e foi tudo tão lindo, ele com a mão sobre a dela, ela com os olhos arregalados, querendo saber o que estava acontecendo, ele falando algo sobre um momento importante na vida e mais algumas coisas e de repente, ele se ajoelha, como naqueles filmes da sessão da tarde, e pede a mão de “My baby” em casamento. Foi um momento tenso, todas as mulheres, incluindo Maria, lutavam contra as lágrimas para não borrarem a maquiagem, mas era difícil, porque não sabíamos como agir, porque não nos preparamos, porque não acreditávamos mais nessa cena.
Mas enfim, Maria, olhos agora mais brilhantes e promovida a “My Baby”, tenta entender como tudo aconteceu, tenta não olhar tanto pro anel, tenta lembrar que tudo isso é normal.
Apesar de tudo o que mudou no mundo, de toda liberdade, de todas as conquistas e dos sutiãs queimados, eu, Maria e todas as mulheres do mundo, da cidade e do interior, com ou sem Internet, ipod e iphone, ainda desejamos ter uma mão sobre a nossa , um piano ao fundo e um pedido de casamento.
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