Sunday, November 18, 2007

Parece um teorema

Muitas coisas novas aconteceram naquele verão, em minha vida. Todas as mudanças percebidas no corpo, que finalmente começava a se parecer com um corpo de mulher, não eram nada se comparadas à avalanche de coisas que passavam pela minha cabeça. Desenho animado ou beijos de novela, peço a Susie ou um sutien para usar sob o uniforme, falo com ele ou escrevo outro poema.
Foi no meio dessa avalanche, que me meti entre os maiores na casa da minha tia Nilza, para ouvir uma música que falava de índios e deixava a todos enlouquecidos, provocando discussões acalouradas. Antes que a minha irmã mais velha percebesse a minha presença e me enxotasse dali, já tinha me apaixonado pela beleza dos versos do Legião. Tão doces e tão fortes.
Conheci uma nova poesia, que não falava apenas de garotos e corações dilacerados, mas discutia coisas bem mais sérias, como as notícias que painho via no Jornal Nacional. Nunca imaginei que elas pudessem virar versos. Estava atônita, tentava entendê-lo, repeti-los.
Esse exato momento da minha vida me veio à tona por esses dias, quando uma situação me fez lembrar o verso, “é só você quem deve decidir o que fazer pra tentar ser feliz”. Busquei então a música, e comecei a pensar nesta grande responsabilidade que tantas vezes empurramos com a barriga. Até porque é tão mais fácil ficar repetindo a culpa da crise econômica, dos homens que não querem se comprometer, do chefe que não compreende, do cabelo crespo, da dificuldade para emagrecer, dos hormônios na TPM...
Assim como, quando éramos adolescentes, as dúvidas sobre a vida e sobre o sexo oposto continuam perturbando nossos dias, mas apesar disso e de não termos mais a poesia do Legião, ainda está em nossas mãos, tomar decisões sobre o que fazer pra tentar ser feliz. Então lamento, se você escolheu ficar com alguém, que não sabe o que quer da vida, vai ter que arcar com o ônus do sofrimento, das discussões, do vou não vou. Se você escolheu uma carreira que não vai te deixar rico, lá vem alegria de fazer o que gosta com o ônus de estar sempre duro.
Mainha sempre diz que ninguém fica feliz com o que tem no momento. É como se a felicidade fosse sempre um projeto para o futuro. Se está solteira queria muito estar namorando ou até casada, mas se está namorando, perde várias horas pensando em como seria ótimo estar solteira e por aí vai.
Filosofias à parte, a verdade é que, as dúvidas e medos da adolescência, jamais abandonam a nenhum de nós, mudam os assuntos, os alvos, mas a busca pelo que não temos e a dificuldade de aceitar que nossa felicidade é o resultado das nossas escolhas, isso sempre estará aqui. Como diz o Legião, parece um teorema sem ter demonstração e parece que sempre termina mas não tem fim.

Não quero mais ser adulta

Sei que parece tarde para esta declaração, mas só com a chegada da aguardada maturidade é que me dei conta de como era melhor ser criança, adolescente e tudo mais.
Passei a vida lutando para ter expressão e agora ouvi da minha dermatologista que minhas rugas são culpa disso.
Sonhava com o dia que teria pelos. Esses mesmos que agora faço tudo pra arrancar em sessões dolorosas de depilação.
Tudo o que eu queria era alcançar a independência, ir pra onde quisesse sem ter que dar satisfação, mas duvido que as fadas que voavam nas histórias que eu lia, pagassem IPVA, pedágio e taxa de abertura de crédito.
Além de tudo, justamente agora que eu descobri tudo o que eu quero e preciso pra ser feliz, veio junto a certeza de que eu não depende só de mim, exatamente como a decisão de mudar de escola.
Acordei com muita vontade de fazer manha, inventar que estou com dor de barriga pra não sair da cama até as 11 e depois passar o dia fazendo coisas divertidas. Mas meu castelo depende de mim pra se manter de pé, cresci pra virar princesa, guarda do palácio e tesoureiro do rei, não contava com isso, eu juro.
Porque eu não posso simplesmente chegar em casa chorando e dizer pra minha mãe que conheci um garoto chato que me beijou e depois puxou meu cabelo ou alguma coisa assim? Tenho certeza que ela ligaria pra mãe dele que seria obrigado a me pedir desculpas. Afinal, não é assim que se trata uma menina.
Bem, mas não adianta chorar pela boneca quebrada, o jeito é criar coragem, sair da cama e encarar o mundo e as rugas. Afinal, não é tão ruim assim, ainda temos a liberdade pra brincar de médico, tomando os devidos cuidados é claro e ainda dá pra ir á praia, com filtro solar, óculos e chapéu, mas dá. Também ainda podemos tomar sorvete, comer pipoca e brigadeiro, tudo diet, mas nem tudo é perfeito.
Aliás nada é perfeito, mas agora preciso ir, antes de dormir ainda tenho que resolver se ligo ou não ligo, passar o ácido pra amenizar as rugas de expressão e escovar os dentes, porque apesar da minha mãe não estar olhando, dentista está pela hora da morte. Meus sais.

Tuesday, August 28, 2007

Os amores de Maria

A casa da Maria estava vazia de novo.
A casa e o coração da Maria já passaram por muitas mudanças, mas nenhuma delas abalou os alicerces de tudo aquilo que construiu depois de tanto tempo caminhando, errando e acertando.
Nesse momento, Maria observa a sua casa, pensando em como cada um dos objetos chegaram ali.

A estatueta da última viagem, foi paixão a primeira vista. É uma adolescente negra e grávida, tocou na hora o olhar, ao mesmo tempo de menina e de mulher. Menina de olhos sonhadores e mulher, que é mãe, mesmo antes de ver sua cria.
Os três vasos de pedra sabão, foram comprados em Ouro Preto, mas Maria trouxe de lá algo muito mais inesquecível. Foi lá que ela e Bia se conheceram e depois de tentarem se observar a distância, construíram uma amizade tão resistente e ao mesmo tempo tão leve quanto aqueles vasinhos.
Os olhos agora se encontram com um dos únicos quadros da parede. Uma mistura de texturas e cores que formam uma estampa em tons de verde. Ela lembra de ter gostado dele assim de cara, mas logo que chegou em casa, pensou se deveria ter sido o escolhido. Afinal, eram tantas as opções espalhadas na praça naquele Domingo. Mas naquela tarde, de mãos dadas com o namorado, vendo os olhos apaixonados dele sobre ela, Maria achava que tudo na vida era uma obra de arte. Foi influenciada por esse sentimento que escolheu o presente.
De repente, os móveis parecem dançar a sua frente, ela pensa em suas novas resoluções, essas que todos fazem no fim de um relacionamento ou de do ano ou de qualquer coisa importante. Trocar a cor das paredes, cortar os cabelos, voltar pra academia, na verdade Maria parecia querer mudar a sua mobília interna. Trocar velhos hábitos, idéias ultrapassadas por outras novas. Renovar-se, esse era o desejo dela. Mas não queria perder tudo o que juntou até ali. Suas conquistas estavam totalmente ligadas às mudanças que ela conseguiu realizar na sua forma de ver a si mesma. Levou muito tempo até conseguir transformar a menina tímida e envergonhada na mulher segura e decidida de agora.
Sua personalidade passara muito tempo exatamente como a sua sala, vazia. Tinha sido uma grande e difícil decisão, deixar que a sala ficasse assim para não sucumbir aos móveis baratos que só serviriam para ocupar espaço.
Assim como a sala após o primeiro casamento chegar ao fim, estava o seu coração. A ansiedade de encher tudo como peças novas e coloridas era imensa. Ela quase podia ver tudo o que queria colocar em cada cantinho. Mas sabia que precisava esperar, ou corria o risco de deixá-la parecida com o que era antes, em tons bege e preto.
Maria pensa muito antes de tomar decisões importantes. Precisa levantar todos os prós e contras. Avalia milimetricamente as conseqüências de tudo. Por isso, decidiu que por enquanto tudo ficaria como está, mas incluiria umas flores à decoração da casa.
Olhou novamente a casa vazia, mas já não a via tão vazia assim, afinal, ela estava tão preenchida pelas suas histórias e pelas suas risadas, pela sua própria presença, que está longe de ser vazia.
A garrafa de vinho, um CD de jazz, seu gato dormindo no sofá e Maria foi pra cozinha preparar seu jantar. De repente, não conseguia pensar em prazer maior, em alegria maior do que aquela. Afinal, aquele era exatamente o lugar onde Maria queria estar. Com ela mesma.

Friday, August 24, 2007

Pensamento

Menino quando eu penso em ti, a minha perna treme,
O meu olho brilha, minha voz falseia.
Menino de pensar nas noites,
Que nunca tivemos
E na tua boca,

Que é cor de coral,
O corpo todo dança,
Minhas mãos passeiam,
Em teu corpo nu.
Menino, já que teu coração tem dono,
Podias ao menos,
Visitar meus sonhos,
Dar-me beijos inocentes,
Desses beijos de menino,
Que criam mundos paralelos,
De prendas e piás
Dançando em noites de lua.
Menino do coração de açúcar
Dá-me a chance de ver-te sempre,
E de te ter quem sabe um dia,
Passeando em cavalo baio
Com o vento em teus cachos de anjo.
Ai menino, quando eu penso em ti.

Medo

O medo muda, emudece.
O medo é manto, protege.
Medo do escuro do mundo
Do mar do amor.
O medo mata e amansa, amadurece.
Medo é mola, impulsiona.
O medo é mar.
O mundo muda,
O medo mata.
Medo de amar,
Medo do mar,
De tudo que muda,
De tudo que mata.
Medo de voar,
De virar a esquina,
De acabar o que é doce.
O medo muda,
Mas sempre vive,
A mudar o mundo.

Tuesday, August 07, 2007

Meu pai não é um herói. Ainda bem.

Eu ganho um presente todos os anos no dia dos pais, ao saber que o meu pai ainda vive, a contar histórias sentado em sua varanda.
Meu pai não me deu uma festa de debutante, mas eu jamais vou esquecer aquela noite de Janeiro, quando ele convidou um grupo de reisado a entrar em nossa casa para nos brindar com um show.
Meu pai nunca me levou a Disney, mas foram tantas as viagens de veraneio, quando circulávamos descalças entre as barracas do camping. Tantos dias girando de braços abertos à beira do mar. Tantas noites de lua vendo-o pescar sob as estrelas que pipocavam no céu como fogos de artifício.
A honestidade é tudo no mundo, filha. Quantas vezes essa frase foi repetida, como se proferida por um daqueles filósofos gregos. E era apenas meu pai.
Era apenas ele, que desafiava a minha timidez, ao me colocar sobre a mesa de centro, para recitar meus poemas de menina e depois sorrir orgulhoso. Eu ainda posso ouvir.
Eu não tive um desses pais de comercial de TV, que chegam para o jantar e ajudam com os deveres de casa. Mas a sua presença sempre foi tão esperada, que quase não dormíamos quando se anunciava. Talvez as madrugadas mais felizes da minha vida, a que ele chegou com um pequeno filhote ou aquela outra com a bolsinha de palha, enfeitada com cordinhas cor-de-rosa.
Meu pai não me ensinou a dançar, mas me deu força todas as vezes que eu tentei.
Meu pai não me ensinou a falar bonito, mas estava lá com sua risada, sempre que eu me arriscava.
Meu pai não me ensinou a acreditar em Papai Noel, mas chegou tantas vezes de madrugada trazendo presentes.
Meu pai foi peão, adestrador de cavalos, caminhoneiro, fazendeiro, mas nunca foi um herói. Ainda bem, porque já se arriscava bastante sem sê-lo.
Ensinou-me a fazer arroz tropeiro, a assoviar e a acreditar que tudo está sempre bem. Não me ensinou arte ou ofício, além do mistério de fazer amigos.
Um dia ele me disse: Levanta a cabeça filha, não tenha medo de nenhum homem porque você é filha de um. Nunca mais abaixei a minha cabeça e desde então ando com ela erguida, olhando a todos nos olhos.
Meu pai vive tão distante, em seu mundo de sonhos, cavalgadas, riachos e bezerros recém-nascidos. Mas é presença constante em meu mundo, em meus sonhos e em tudo o que eu faço.

Saturday, August 04, 2007

Itororó*




Sai de Itororó com 13 anos, mas acho que Itororó nunca saiu de mim. Tenho ares de garota da cidade, que tem medo de baratas e não toma banho frio, mas lá no fundo tenho a roça dentro de mim.
Itororó, apesar da maioria dos meus amigos cariocas não acreditarem, está no mapa, quero dizer, não em qualquer mapa, só nos mais completos, talvez no google maps, será?
Também tem outra lenda que preciso esclarecer. Ninguém foi a Itororó beber água e não achou. Esta música, juro que vou explicar pela última vez, foi provavelmente feita pensando no bairro do “Tororó” que fica em Salvador.
Minha querida Itororó é uma cidade pequena, dessas com uma praça que tem uma igreja, algumas beatas, fofoqueiras, meninas que “se perderam”, doidos conhecidos, intelectuais, políticos disputando o poder, um pipoqueiro que todos conhecem pelo nome, um bordel, que lá se chama “brega” e todas essas coisas que têm todas as cidades pequenas.
Nasci numa família grande, claro, sou a quarta filha de uma das mulheres mais bonitas da cidade com um dos seus maiores conquistadores, boa mistura essa.
Nasci numa casa enorme, à beira do Rio Colônia. Minha casa tinha um quintal tão grande que tivemos uma vaca de estimação, verdade, a Tonta, ela tinha esse nome porque era muito louca, quebrava o muro e fugia pra feira pra comer maçãs. Também coitada, vivia cercada por 5 crianças que lhe faziam de gato e sapato. Costumávamos maquiá-la, além de colocar roupas e passearmos como se ela fosse um pônei. Dia triste o que a Tonta foi embora.
Nos mudamos da casa no rio para uma casa na praça, eu tinha uns 10 ou 11 anos e o que as minhas irmãs consideraram uma verdadeira ascensão social pra mim foi o fim. Não conseguia imaginar coisa pior do que sair da minha espaçosa e querida casa para me mudar para um cubículo na praça. Mas fomos voto vencido, eu e a Keila, a mais nova, sabe como é, ninguém escuta criança nessas horas.
Mas no final das contas, não foi tão ruim nossa vida na praça, tínhamos o Sr. Fabrício, o jardineiro que trocava comida por amêndoas caídas das árvores e o pipoqueiro, que não me lembro o nome.
Foi nessa casa que as meninas começaram a “namorar firme” e no meu caso, foi lá que virei garota de recados, mas isso rendia uns doces, não posso reclamar.
Foi essa praça que eu deixei aos 13 anos, chorando enquanto via ficar para trás meus amigos de infância, minhas histórias de menina, meu bichos de estimação, as árvores da minha praça, o padre e o cheiro da terra quando chovia. Naquele dia ainda não podia ver o que hoje eu vejo, que nada disso ficou apenas lá, porque tudo isso cabe dentro de mim. É minha herança, é o que eu tenho de mais bonito, de melhor.
Eu nunca deixei Itororó porque Itororó jamais vai sair de mim.

*Itororó, palavra de origem tupi que significa pequena cachoeira, é um
município brasileiro do estado da Bahia. Sua população estimada em 2004 era de 19.434 habitantes.
Nesta cidade é produzido um dos melhores tipos de
carne seca (carne do sol), onde pela fama da carne se instaurou há 18 anos o festival da carne de sol ou simplesmente Festsol, que ocorre entre 21 a 24 de junho.Fonte: Wikipedia

Thursday, July 12, 2007

Eu escrevo pra você e você escreve pra mim

Queridos leitores,
Hoje tem novidade no Blog. Eu e meu amigo e colega de blog Aruanã Bento, resolvemos fazer uma brincadeira e entramos um no universo do outro.
Eu escrevi Sejis Homi- Falando sobre meu lado masculino que eu acho que é gay e ele escreveu Mentiras sob o salto- Usando sua alma feminina.
Leiam os dois, divirtam-se e visitem o blog do Aru que é o máximo
www.sentimentocoletivo.blogspot.com

MENTIRAS DE SALTO ALTO

Por dentro de um grande homem existe uma grande mulher.É ela quem cochicha no meu ouvido os compromissos marcados duas semanas antes, o presente certo e as palavras secretas que só podem ser ditas quando as mãos se tocam pela primeira vez. Moramos no mesmo corpo mas não é sempre que a vejo. A última vez foi na despedida de um amigo que acabei chorando no saguão do aeroporto. É minha porção mulher quem brinca com o cachorro, me livra invariavelmente do mau-humor, e consegue, nas formas das nuvens ou na espuma do shampoo, descobrir desenhos, imaginar coisas. No dia-a-dia de redator publicitário que preciso tirar a gancho minha criatividade, a porção feminina me salva e busca em sua habilidade de pensar mil coisas e assimilar mil palavras, associações fantásticas, que se transformam em títulos impossíveis de não ler. Foi com ela que também descobri como o azeite valoriza a comida, como o vinho seco pode ter tanta complexidade em aromas e texturas, como identificar as pessoas através de seu signo e, principalmente, como o sexo oral se torna um grande coringa se estiver situado entre a paciência de um monge e a obediência de um cão-sem-dono. Olhando assim fica difícil de imaginar, mas até a porção mulher é capaz de mentir. “Você gostou da minha unha?Ah, que fofo!Tenho tatuagem sim, adoro. Nossa temos muito em comum. Podemos marcar, adoro jantar no japonês. Cara, você é muito especial, me amarrei na sua...como amigo”. Desde que me entendo por gente procurei fazer coisas que realmentetocassem as mulheres, que estivesse dentro dos seus sonhos mais distantes. Acreditei que elas gostassem de homens com senso de humor, com conteúdo e sensibilidade para percebê-las como nenhum outro. Tolice. Assim como todas as outras, minha porção mulher passou a vida me mostrando o cara que ela pretendia gostar e não quem ela realmente gostava. Por isso, decidi faz tempo não dar ouvido a minha voz feminina interior e, aos poucos, silenciou-se. Hoje não me procura mais. Sozinho, invado noites atrás de diversão e as vejo batendo cabeça, ou como diria Liu Brito, na vitrine. Todas seguem a mesma tática pelas mesmas finalidades e seguem trocando blefes por beijos. O primeiro e mais duro golpe que aprendi foi que, para conquistar uma mulher é preciso, antes de tudo, ignorá-la. Depois de milênios presa dentro das cavernas, as moças conquistaram seu direito de caçar mas ainda não sabem usá-lo: são fantoches nas mãos masculinas calejadas na arte da conquista. Andam, passam, esbarram, olham, insinuam, como cardumes que disputam quem será comido primeiro pelos tubarões. Sem minha porção mulher me olho no espelho e me sinto um nômade que usa, gasta uma terra e depois a abandona, mas tenho a convicção que não poderei mais reencontrá-la sozinho. Preciso da cumplicidade de alguém, que saiba dar colo e ganhar colo, que aceite convite e também os faça, que me traga elogios e críticas novas, que me surpreenda com girassóis em um dia de chuva. Alguém que saiba rir de si mesmo e não se importe em anoitecer na Lapa e amanhecer no Arpoador. Alguém que não dance apenas para os outros, que tenha ambições profissionais, pessoais, sexuais e, principalmente, que goste de si próprio. Quem sabe assim uma dia eu acorde e volte a ouvir no meu ouvido novamente uma voz sussurrando: “Acorde mocinho. Você precisa estar bem bonito para reencontrar o amor da sua vida”.
Aruanã Bento

Sejis Homi!
Invadindo um blog de menino para tentar escrever alguma coisa que não choque o público do meu querido e talentoso amigo Aru.
Foi assim que resolvi escrever sobre as vezes que paro diante do espelho e digo:
-Nossa, tô parecendo um homem...
Não me entendam mal, na aparência e no gestual sou tão feminina que até pareço uma bicha. Estou falando mesmo de comportamento.
Meu cabeleireiro diz que sou mais homem que ele, o que não é muito difícil, mas ele justifica dizendo que sou bem humorada demais pra ser mulher. Ora bolas, as mulheres não são mal humoradas, levam esta fama por causa da maldita TPM. Experimente ter uma maré de hormônios, que muda de acordo com a lua e depois falamos sobre humor regular.
Bem, mas verdade seja dita, às vezes sou muito homem mesmo e por isso não tolero homem mulherzinha, esses que fazem charminho pra ligar, só ligam na terça, porque se ligar no Domingo vai parecer que está apaixonado, me poupem.
Outro exemplo de Homem mulherzinha é aquele tipo que liga no meio da noite pra ex-namorada porque bateu saudade e inventa uma desculpa esfarrapada qualquer, ah, seja homem meu filho.
Sou muito homem pra ligar pra quem eu quiser e fazer um convite. Azar dos que dizem não. Afinal, homem que é homem não tem medo de porta na cara.
As mulheres conquistaram o sagrado direito de dizer o que querem e como querem, coisa que os homens já fazem há milênios, então antes que eu me esqueça, as mulheres gostam sim de sexo oral, desde que bem feito, ok? Pra fazer de qualquer jeito, melhor não.
E por falar em ser homem, de uma vez por todas, acabou aquela história de mulher achar que todos os homens podem ser o potencial homem da sua vida. Hoje em dia, as mulheres já conseguem colocar os homens em suas devidas gavetinhas. Cada um na sua. Tem gaveta para amigo, gaveta para potenciais, gaveta de ex e principalmente, gaveta para equilibrador hormonal, isso mesmo, porque toda mulher precisa de um.
Antes que eu me esqueça, mulher quer ser respeitada, em todos os aspectos, então por favor, cuidem bem das suas cuecas e pensem muito antes de puxar uma mulher pelo braço sem tê-la levado pra jantar, depois até pode e pelo amor de Deus, mudem a ordem da entrevista, qual seu nome, o que você faz e onde você mora, já basta no senso.
Então fica certo assim, me dá seu telefone e se eu quiser ligo logo no Domingo, se eu não ligar, esquece. Minha cor predileta? Verde. Livro? Vários, inclusive o pequeno príncipe (o Aru também leu). Bicho nojento? Cobra, tolero as baratas. Time? Vitória. Não tenho diário e adoro ser solteira, ser casada e namorada também, tudo depende de com quem.
E aí? Vai encarar?
Líu Brito

Wednesday, July 04, 2007

Maria vai se casar

Maria é uma grande amiga. Moça charmosa, de sorriso largo e olhos encantados. Maria é do interior, como eu. E como eu, trouxe na mala o jeito simples que as moças do interior encaram as coisas, em especial as coisas do coração. No nosso jeito interiorano de ser, você faz o que for preciso para se tornar uma boa pessoa, especialmente porque boas pessoas atraem boas pessoas e com estas boas pessoas resolvem criar laços, ficam noivas e depois se casam. Simples assim.
Mas a história de Maria, acabou tomando outro rumo, assim como a história de tantas outras moças. Porque já não é tão fácil encontrar um bom moço ou porque os bons moços conhecem muitas moças legais nos lugares aonde vão e por isso não querem se prender a nenhuma delas.
Bem, mas o fato é que depois de alguns desgastes e entrevistas ou como eu digo, depois de preencher algumas fichas do senso respondendo seu nome, idade, profissão e onde mora, eis que Maria, enquanto comemorava seu aniversário, conheceu um amigo de uns amigos. Um moço diferente, de fala enrolada, jeito moderno, óculos coloridos. De cara até Maria ficou meio assim, mas mesmo assim resolveu que valia conhecer melhor, afinal o que ela tinha a perder.
E foi deste jeito que começou a história de Maria. Se viram uma vez, outra, e a coisa foi ficando séria. Ligou-me uma vez em frangalhos, porque tinha chegado o dia de levá-lo ao interior para conhecer os pais e os irmãos. Lá fui eu para dar uma força.
Correu tudo bem, como era de se esperar. O churrasco, a família, a cordialidade, tudo no ponto. O tempo passou e Maria e seu moço de fala enrolada, foram ficando mais e mais juntos. Mas, hoje em dia as coisas não se resolvem de forma tão simples. É preciso mais do que amor, mais que querer. É preciso casar os impostos, o aluguel, o salário e todas as contas e planos. No meu apartamento ou no seu? O meu carro ou o seu? Ufa.

Uma Maria ressabiada pelas interrogações da vida me ligou para falar sobre o seu aniversário desse ano. Combinados hora e local lá estávamos nós, numa mesa grande de um bom restaurante. Maria estava linda, maquiagem caprichada, nem parecia que tinha saído só pra jantar. Mas Maria é assim, sempre produzida, com aquele ar meio francês, que é dela, não importa aonde vá.

Foi no meio do burburinho do restaurante e do movimento dos garçons que começamos a ouvir um som diferente. Parecia um piano, ou algo assim. Então, o moço se aproximou da Maria e foi tudo tão rápido e foi tudo tão lindo, ele com a mão sobre a dela, ela com os olhos arregalados, querendo saber o que estava acontecendo, ele falando algo sobre um momento importante na vida e mais algumas coisas e de repente, ele se ajoelha, como naqueles filmes da sessão da tarde, e pede a mão de “My baby” em casamento. Foi um momento tenso, todas as mulheres, incluindo Maria, lutavam contra as lágrimas para não borrarem a maquiagem, mas era difícil, porque não sabíamos como agir, porque não nos preparamos, porque não acreditávamos mais nessa cena.
Mas enfim, Maria, olhos agora mais brilhantes e promovida a “My Baby”, tenta entender como tudo aconteceu, tenta não olhar tanto pro anel, tenta lembrar que tudo isso é normal.
Apesar de tudo o que mudou no mundo, de toda liberdade, de todas as conquistas e dos sutiãs queimados, eu, Maria e todas as mulheres do mundo, da cidade e do interior, com ou sem Internet, ipod e iphone, ainda desejamos ter uma mão sobre a nossa , um piano ao fundo e um pedido de casamento.

Thursday, June 21, 2007

E o telefone que não toca?

Triste batalha travada todos os dias pelas mulheres mundo a fora. Então eu me pergunto, de onde vem esta questão milenar? Será que depois de ficar horas verificando se o seu telefone funciona, atendendo com voz chocha aos telefonemas da sua mãe, que nessas ocasiões sempre liga e com entusiasmo ao da operadora de celular, que sempre aparece número desconhecido, você quer mesmo que o sujeito da noite passada te ligue, ou é somente uma questão de honra?
Vamos ser francas, nem sempre a noite passada foi isso tudo o que parece, quando você não vê mais nada no horizonte.
Isso me lembra uma amiga e ela deve estar dando risadas agora, que depois de uma noite numa boate, tentava nos convencer por todos os meios de que tinha beijado o homem da sua vida.
O moço em questão, era um gerente da C&A e eu acho que ele não teve a mesma impressão sobre ela, tendo em vista que ele nunca ligou conforme jurou entre um beijo e outro, na despedida.
Bem, o fato é que passada a Terça-feira, dia em que os moços parecem ter convencionado ser o dia internacional do telefonema pós fim-de-semana, a coitada se descabelou, não entendia como aquilo podia ter acontecido e decidiu ir à luta pelo seu amor.
Pois bem, usando de subterfúgios como uma amiga que trabalha no IBGE, ela descobriu em qual C&A ele trabalhava e depois disso, tudo sobre o seu príncipe, inclusive o telefone.
Então, munida da certeza de que alguma coisa de muito ruim poderia ter acontecido com seu futuro marido, para ele não ter ligado, ela decidiu tomar coragem e ligar, preparada para ouvir uma história triste sobre a calça lavada com o número dela dentro, ou a súbita doença da mãe, enfim. Qual não foi a surpresa quando o moço sequer deu uma desculpa, mais preocupado em saber como ela havia descoberto o número dele, enquanto tentava desligar o quanto antes, não sem antes dizer: - Se cuida.
Mas pensa bem, será que todos esses homens valem a energia gasta com a espera, ou é somente uma questão de hábito? Parece que quando não recebemos o telefonema pós noite, significa que não fomos escolhidas. Oh! meu Deus, pânico, terror e aflição. E agora? Significa que nos saímos mal, não fizemos tudo o que podíamos para que ele quisesse dar continuidade ao romance.
Verdade seja dita, a maioria deles é mesmo um grande passatempo ou uma questão de companhia. Então comecem a considerar não sair distribuindo o seu telefone por aí. Sejamos mais seletivas meninas, vamos sofrer sim porque isso faz parte, mas vamos economizar aflição para quem merece.
De mais a mais, às vezes vale mais a pena dar atenção à sua mãe ou até mesmo ao pobre vendedor da operadora de celular que pode ter uma oferta incrível pra você.

Thursday, June 14, 2007

FIM

Nem estive entre seus versos,
E de repente acabou.
Nem te chamei de amor
Nem comemos brigadeiro,
Nem fizemos juras,
Nem tomamos chuva,
E de repente, acabou.

Não brinquei com seu cachorro,
Não chorei a sua ausência,
E de repente, acabou.

Sem coleção de rolhas,
Sem fotos de viagens,
Sem cartões apaixonados
E de repente, acabou.

Acabou sem termos sonhos,
Acabou sem fazer partilha,
Sem fazer alarde,
Mas acabou com mais um beijo,
Uma troca de telefones.
E então, se cuida.

Monday, May 14, 2007

O beijo fala

O beijo é uma reza, um mantra
O beijo alimenta, acalenta,
Faz sorrir.
Beijo bom, é bom pra dois
Beijo de leve,
Beijo devasso,
Beijo meloso,
Beijo de sonho.
Beijo docinho, colado,
Beijo que não se esquece.
Beijo é termômetro,
Diz se tá bom.
Diz quero mais.
Beijo é pra ser,
Não dá pra evitar.
Beijo é começo,
É procura.
Beijo que dura,
Deixa sem ar.
Beijo no ponto,
No pescoço, na barriga,
E onde mais,
É só beijar.
O beijo é uma reza, um mantra
É só começar.

Líu Brito

Wednesday, May 09, 2007

Eu não acredito em sonhos

Quando era criança, vivia numa deliciosa cidade do interior, cercada de ótimos amigos, milhares de primos, irmãs, enfim, tudo o que uma criança pode querer para ser mais que feliz. Bem, mesmo no meio de toda algazarra em que eu vivia, ainda assim eu dizia repetidas vezes à minha mãe, que eu viveria numa cidade bem maior, quando eu crescesse. Era quase como se eu não coubesse lá. Pois bem, cá estou vivendo minha vida adulta numa grande cidade quase que por acaso.
Iguais a este fato, aconteceram vários em minha vida, coisas que eu desejei e aconteceram.
Apesar disso, não acredito que eu seja uma pessoa sonhadora. Na verdade acho que fui por um tempo mas percebi logo cedo que essa história de sonhos que caem do céu não existem.

Senti-me culpada logo que me dei conta disso, afinal de contas, diariamente recebemos uma enxurrada de mensagens (pps. ou não) dizendo da importância de ter sonhos, mas não gosto de chamar de sonhos os meus planos. Porque assim parecem inatingíveis, irrealizáveis.
Acredito em fé, em trabalho, acredito em acreditar em si mesmo, acredito em muita coisa. Mas sonho simplesmente, acho que não. Porque acho que se tivesse ficado no meu quarto sonhando com a vida que eu queria ter, eu não teria saído de casa aos 17, não teria trabalhado de dia e estudado a noite, não teria ficado sem almoçar por quase um ano fazendo curso, enfim, acho que não estaria aqui.
Mas talvez esteja sendo radical, porque até acredito em sonhos, desde que sejam vistos como planos e desde que eles tenham sua execução planejada com começo, meio e fim.
Acho importante saber o que você quer ser e mais importante ainda sabe quem você quer ser. Isso define tudo.
O melhor é que as pessoas mais interessantes que eu conheço ralaram muito pra chegar longe. Quanto às outras, essas que encontraram tudo pronto, acho que são um pouco enfadonhas, faltam-lhes histórias pra contar. Faltam-lhes desejos, desses que fazem a vida valer a pena.
É como diz a música: “viver é melhor que sonhar”...
Líu Brito

Sunday, April 22, 2007

Saia da Vitrine

Comecei a prestar atenção enquanto me arrumava para ir a uma festa, cada detalhe era escolhido pensando no efeito que causaria. Escondia o que não considerava bom e explorava o que tinha de melhor.
Às vezes negamos, tentamos acreditar que só importa a diversão, mas no fundo não tem jeito, se você está sozinho, se produz para tentar atrair a atenção de um possível par. É um tipo de “Lei das Selvas”.
Mas, se formos pensar bem, todas nós acabamos nos comportando como se estivéssemos numa vitrine, nos produzimos e ficamos a espera de olhares, a espera de elogios, a espera de sermos escolhidas, escolhidas dentre todas as outras.
E quando somos escolhidas, perdemos o direito de opinar e vamos aceitando tudo como se fosse pouco, perto da sensação de não ter sido escolhida. Aceitamos dar o telefone a alguém que não irá nos ligar; aceitamos beijar alguém a quem provavelmente não veremos novamente, e tudo pela maravilhosa sensação de ter sido escolhida.
Este comportamento, muito comum entre as mulheres, acaba gerando ansiedade, decepção e sofrimento.
Como é bom poder virar o jogo, se arrumar pra você e sair por aí para escolher. Escolher se quer dançar, se quer beijar, se quer transar e o melhor, escolher com quem fazer tudo isso.
Saber o que você merece e quem merece estar com você. Pedir o telefone de quem você achar que vale a pena e ter nas suas mãos o poder de ligar ou não e isso pode ser no dia seguinte, não precisa ser na terça (costume comum entre os homens), virar o jogo e respeitar as suas próprias regras é fazer feliz a si própria em primeiro lugar. É saber do seu limite, fazer suas escolhas, exatamente como já fazemos no trabalho há tanto tempo.
Então, da próxima vez que se arrumar para uma festa, não esqueça de combinar perfume, maquiagem e personalidade.

Seu poema

Porque você se preocupa
Com o sol que passa pela minha porta,
E sonha com nosso amor na varanda
E com o dia que já não seremos tão jovens
E fica triste por achar que vou querer ter um bebê
Porque você me espera ver todos os dias
E espera me ter um dia
E planeja me mostrar o mar num dia de sol
E planeja me amar pela manhã bem cedo
Porque você é todo cuidado e é todo carinho
E gosta da minha pele e do meu cheiro que você não conhecia
E você e só você
Ouve os meus poemas e os de todos os poetas que eu amo
E ainda pede pra repetir
E gosta do meu papo que é meio-cabeça
Mas você não acha chato
E porque você escolhe cores amarelas
Para alegrar o meu dia
E percebe até quando penteio meu cabelo
E porque você é assim tão você
Eu não tenho como
Não querer teu colo
Não querer teu beijo
Não querer você.

Tuesday, February 27, 2007

Amantes de vidro


Todo dia me apaixono,
Por uma imagem que se quebra
Diante dos meus olhos nus
Todo dia me encanto
Por alguém que não me espera.
Todo dia passo adiante meus sonhos,
Recomeço do zero,
Como se ainda valesse a pena.
Todo dia amanheço
Quando a noite cai
E quando vem o dia,
Entristeço.
Todo dia me esqueço
Do que sofri ontem
Antes que a noite chegue.

Wednesday, February 21, 2007

Glub, glub...

"A vida vem em ondas, como o mar"... Pensei muito nestes versos ao ouvir a aventura de dois amigos num passeio de barco embaixo de um temporal.
Por quantas ondas cada um de nós já passou até chegarmos ao ponto em que estamos? Falando por mim, perdi as contas. Algumas marolinhas, outras ondas tão gigantes que pensei que iria me afogar e nunca mais viria à tona.
Pra falar a verdade, não gosto muito é dos períodos de calmaria, aqueles em que ficamos boiando pela vida meio sem rumo. Acho que as ondas são necessárias, porque elas nos impulsionam, nos dão fôlego e nos deixam alertas.
Meus dois amigos pensavam em aproveitar um dia de mar calmo, mas a vida nunca nos permite prever o que de certo irá acontecer. Graças a Deus, senão onde estaria a graça de viver? O que teríamos pra contar?
O mais importante de tudo isso é termos em mente que tudo passa, ou como diz a minha mãe, “o que não tem remédio, remediado está”. É importante acreditar que todo final representa também um recomeço. Isso é um pacote, vai ser sempre assim, se terminou é porque tem outra coisa pra começar, exatamente como as ondas quando arrebentam.
Sendo assim, nada de ficar esperando que só existam marolas e nem torcendo pra isso. Torça pelas marolas e por algumas ondas grandes também. Torça pelos dias de sol mas também pelas tempestades de verão, elas lavam a alma e fazem tudo voltar ao ponto zero.
Enfim, a vida vem em ondas...a boa notícia é que todos nós nascemos com todos os equipamentos necessários para ultrapassá-las, é só não esquecer disso.

Veloz

Vivo correndo, correndo
Pra todo lugar,
Vivo suando a camisa,
Sem poder parar.

Vivo vivendo,
Dormindo, acordando
Correndo, correndo
Sem poder parar.

Vivo essa vida
Repleta, dispersa
Sem nada pra dar

Vivo esse fim
Todo dia
Essa cama vazia
Sem poder chorar

Vivo.
Penso.
Quero parar.

Vivo.
Paro.
Preciso correr.

Corro.
Paro.
Preciso viver.

Friday, February 02, 2007

Carnaval na Bahia

Não se permita morrer,
Sem ir a Salvador
Em dias de carnaval.

Não se permita partir,
Sem antes beijar, dançar, curtir,
Ao som de Ivetes e chicletes
Que povoarão seus sonhos de folião.

Leve consigo pra sempre,
Um tambor no peito,
Que te despertará
Colorido como um abadá
A cada dia triste da sua vida.

Permita-se tentar entender
A poesia de Brown
Ou então apenas fique de camarote
Vivendo dias de rei.

Sua vida terá para sempre, um sorriso molengo,
Uma magia sem par
E uma música ao longe,
Lembrando todos os dias,
Que vale a pena ser feliz.

Samba da alegria

Se a tristeza me chegar
Eu canto
Alegria há de apagar
Meu pranto

Os amores do passado,
Esqueço,
Os meus dias são de carnaval

Se a tristeza me chegar
Eu danço
Passo os dias a sambar no pé

Os meus dias são de sol a pino
Alegria é meu doce lar.

Se algum dia me faltar encanto,
Deixo o corpo solto pelo ar
Faço as pazes com a harmonia
Pulo e canto até me alegrar.